A implementação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) representou um marco significativo na maneira como as instituições brasileiras lidam com informações pessoais. Essa legislação também trouxe uma mudança de paradigma, exigindo que as organizações repensem os processos internos e adotem uma postura mais transparente e ética no tratamento de dados.
Por outro lado, uma instituição somente seguirá à risca os preceitos da LGPD, caso todos os funcionários e gestores compreendam a importância de atuar de forma alinhada com as diretrizes dessa lei. Afinal, a conformidade não é responsabilidade restrita aos setores jurídicos e de TI, mas também um compromisso coletivo.
Um dos principais desafios nesse processo é fazer com que os funcionários não vejam a LGPD como mais uma burocracia imposta, mas como um fator que agrega valor ao negócio. Quando bem aplicada, essa lei protege a organização de sanções, melhora a gestão de dados, fortalece a relação com clientes e aprimora processos internos.
E para isso ser viável é imprescindível que os empregados recebam orientações para evitar falhas, como o compartilhamento inadequado de dados e o uso de senhas fracas, que podem abrir brechas para violações com consequências graves.
Segundo a Associação Internacional de Psicologia Analítica (IAAP), mais de 70% dos incidentes de vazamento de dados são provocados por falhas humanas. Esse número prova que, sem uma cultura organizacional voltada para proteger os dados, qualquer organização estará vulnerável em termos de segurança digital.
Isso acontece porque um funcionário mal treinado pode, por exemplo, expor sem querer informações sensíveis, o que pode provocar multas milionárias, processos judiciais e danos irreparáveis à reputação organizacional.
Essa situação mostra que investir em treinamentos contínuos e na conscientização da equipe sobre as regras da LGPD não é um custo, mas sim um investimento estratégico. Afinal, essa postura mostra o compromisso de uma instituição com a privacidade e a segurança de dados, fazendo com que aumente o grau de confiança dos stakeholders.
Cada vez mais preocupados com o tratamento correto das informações, os cidadãos tendem a criar uma maior identidade com organizações que priorizam a transparência na gestão dos dados pessoais. Esse comportamento também está sendo adotado por parceiros comerciais e investidores que visualizam a conformidade como prova de maturidade corporativa.
Esses aspectos comprovam que estar em conformidade com a LGPD é um diferencial relevante para alcançar resultados mais expressivos e fortalecer a imagem. Por isso, é essencial adotar procedimentos que evitem falhas humanas relacionadas com a segurança da informação.
Um exemplo claro disso é o caso da C&M Software, empresa responsável por conectar instituições financeiras ao Banco Central, que foi vítima de um ataque cibernético em virtude da postura inadequada de um colaborador.
Sem dúvida, esse tipo de situação reforça a necessidade de uma abordagem proativa, que abrange treinamentos regulares e mecanismos de monitoramento e de controle de acesso. Hoje, é um erro grave tratar a LGPD como uma mera formalidade, pois essa legislação tem uma grande influência na postura organizacional.